Felicidade das equipas, o indicador mais valorizado

Em alguns momentos da minha vida tive colegas que partilhavam que era nos momentos de dificuldade, de levar o corpo, a mente e o espírito ao limite, que se sentiam mais felizes e que só nesses momentos tinham uma experiência de verdadeira alegria.
E é isso que procuram voltar a sentir, sempre que mergulham num novo trabalho ou projeto.
Mas é fascinante que a maioria das culturas não estejam organizadas para recompensar, nem encorajar a jornada em si, mas apenas a conclusão o trabalho. A sociedade recompensa o resultado, não recompensa o processo, o trajeto. No entanto, o facto é que a nossa vida quotidiana é maioritariamente feita de trajetos. E não atingimos grandes feitos todos os dias.
Quem me conhece sabe que nasci com a alegria dentro de mim, principalmente nas primeiras horas do dia. E desde muito cedo na minha vida, ainda antes dos anos 2000, me apercebi que gerir uma equipa implica lidar não só com o estado emocional, mas também com o estado mental da equipa. Mas dar autonomia e segurança para que cada elemento pudesse dar o seu contributo, implicou também uma mudança em mim. Dei-me conta que a alegria é dar o primeiro passo para o sucesso.
A felicidade é crucial para a sua empresa e é o melhor indicador de receitas futuras, quando comparada com os números de um diretor financeiro, pois ela é fundamental para o resultado final. Então como se mede a felicidade de uma equipa? Bem, é preciso uma dose de maturidade emocional e de uma atmosfera de confiança e responder de uma escala de 1 a 5:
· Como se sente na empresa (na sua equipa e na empresa como um todo)?
· Porque se sente assim?
· O que o tornaria mais feliz já no próximo mês?
Assim se revela o que é mais importante para cada um e o que se acredita ser melhor para a progressão da empresa. E com esta sensação de “pertença” a equipa transforma o mencionado numa meta a ser alcançada. Com prazo.
Mas o que gera mesmo felicidade nas equipas? Transparência, compromisso, foco, abertura, respeito e coragem.
A primeira para mim é a que tem maior impacto na cultura, pois a Transparência serve para colocar o foco no aperfeiçoamento da equipa. Assim, todos os membros da equipa sabem o que os colegas estão a fazer, quanto contribuem, quem está com dificuldades, quem torna a equipa ótima e quem piora. Conseguem vocês imaginar empresas onde se espelham os salários de todos e de toda a contabilidade financeira da empresa, disponíveis a qualquer colaborador? Sim, pois nada deve ficar em segredo.
Então como conseguir proporcionar felicidade às equipas? Quando a felicidade é o centro da cultura da empresa. E como é que isso se faz? Com ligações. Quanto mais as pessoas se ligam aos colegas de trabalho, mais felizes, mais produtivas, mais criativas e mais inovadoras são. As ligações são uma extensão da família e as empresas criam de forma deliberada essas ligações, desde o primeiro dia de trabalho na empresa. Estas ligações são naturalmente colaborativas e estendem-se aos vários níveis hierárquicos. Existem estudos científicos que já o provam, um exemplo é a Zappos.
O objetivo é ter pessoas que adorem ir trabalhar. E quem gosta de ir trabalhar é porque tem a oportunidade de criar momentos “Uau” para os seus clientes (internos ou externos). Mas não se deixe “embriagar” pela alegria a ponto de se considerar invencível, é importante reter que esta felicidade é medida em termos de desempenho.
Mónica Araújo
Business Analytics Senior Consultant da Mind Source
Publicado in Human Resources